Donna Condannata

18/07/2019 10:44

(Luana Medeiros)

 

A fêmea se curva

Feito Rio e grandes lacunas

Espera a nascente, é Ele, o grande Rio

 

Curvas para o Rio

Curvas, fêmea

Riachuelo doce, lágrimas salgadas

 

A fêmea sorri, agora é arlequina

Escondendo uma gota de choro

Pintada no rosto

 

É fim de Carnaval

A fêmea não pode Ser

O que fizeram d'ela

 

Quantas noites pediste em sonho?

Quantas lágrimas lavaram teus seios?

Ah! fêmea humana

 

É longa a noite

Mais longa é a dor de ter que esperar

Alguém para que possa completar um ciclo inútil

 

Tão querido, tão íntimo

Desejado, sonhado, desenhado

A fêmea é só

 

De que vale uma fêmea

Dois ovários

fertilidade, virilidade?

 

Transbordam ávidos

Desejos colossais

Hegemônicos

 

A fêmea é só

Uma gota de orvalho no pasto

Uma flor caída na campina. É primavera

 

A fêmea é medo

A fêmea é temida

A fêmea é abençoada e maldita

 

Bruxa, fêmea, fértil

Sagrada, Profana

Maldição que ela não quis

 

Morre pelo que és

Chora pelo que não pode ser

Chove em teu peito

 

Chora fêmea humana

Teu calvário

Tua sorte, tens a Vida e a Morte ao alcance das mãos

 

A Política e suas InterfacesArte e PolíticaPoesia e Política  → Poética Feminista →  Donna Condannata

Assista aos nossos vídeos no YouTube

Sobre a Autora

Luana Pantoja Medeiros

é Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Linguagem, Gênero e Relações de Poder, Poesia e Poética Feminista.

https://lattes.cnpq.br/7355733518783146