MARCAS

26/10/2019 15:21

(Luana Medeiros)

 

Sou quadruplamente marcada

-A vida é uma vertigem-

Por ser pobre, de nascença

Por ser índia, de origem

Por ser fêmea, de espécie

 

Mas ser poeta é o cancro

A lepra, a cólera, a úlcera

 

O boletim contra a mulher pobre:

Foi presa por abortar na clandestinidade

Contra a índia:

Foi morta em confronto com os latifundiários

E sobre a poeta, o que diz:

Surrada pela fome nas grandes cidades

 

Saquei meu bloco de notas

Solfejei curta mensagem:

 

De pobre, índia, fêmea e poeta

Todas na mesma embalagem

Superabundam sarjetas

Cemitérios, carceragens

 

Sou quadruplamente marcada:

O bolso, a pele, a origem, a linguagem

 

 

Técnica de escrita: Pastiche

Referência ao poema de Aderaldo Luciano

A Política e suas InterfacesArte e PolíticaPoesia e Política  → Poética Feminista →  MARCAS

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Sobre a Autora

Luana Pantoja Medeiros

é Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Pesquisadora nas áreas de Sociolinguística, Linguagem, Gênero e Relações de Poder, Poesia e Poética Feminista.

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