Madame Bovary: a desconstrução do eterno feminino na literatura francesa do século XIX

TEXTO APRESENTADO NO IV SINALGE - SIMPÓSIO NACIONAL DE LINGUAGENS E GÊNEROS TEXTUAIS, REALIZADO EM CAMPINA GRANDE-PB, EM ABRIL DE 2017

por Luana Pantoja Medeiros

https://lattes.cnpq.br/7355733518783146

Alexsandro Melo Medeiros

lattes.cnpq.br/6947356140810110

Resumo

Este estudo faz uma análise da obra Madame Bovary do escritor francês Gustave Flaubert e tem como objetivo identificar a desconstrução da figura feminina do século XIX representada na personagem de Emma Bovary. Para tanto, tece comparações entre o modelo de mulher idealizada pela sociedade francesa descrita há quase 100 anos após o lançamento do romance, e as reflexões realizadas pela filósofa existencialista Simone de Beauvoir em seu livro O Segundo Sexo¸ considerada uma autora consagrada para os estudos de gênero. O estudo utiliza como metodologia uma pesquisa bibliográfica a partir da qual expõe uma discussão teórica demonstrando através do Romance uma ruptura com o tradicional que vem desde o iluminismo, desconstruindo uma série de conceitos predeterminados, superando uma série de paradigmas. Esta crítica social em forma de romance vem desmascarar a romantização da condição servil da mulher e a hipocrisia da sociedade burguesa, ilustrada por personagens medíocres, mergulhados em um falso moralismo. Trabalhando essa perspectiva, busca-se compreender o papel da protagonista como crítica social aos valores da época no contexto da estética realista de Flaubert e a influência de ideais a frente de seu tempo, vistos no movimento feminista do século XX, que abrange a luta pela igualdade de direitos civis e trabalhistas. Ninguém jamais havia representado a mulher de forma tão depreciada como Flaubert, e como um espelho da sociedade, esta narrativa vem denunciar a forma como a mulher é tratada, como objeto, sem essência, sem liberdade e sem direitos, resignando assim ao que Simone de Beauvoir conceitua como eterno feminino, ou seja, uma visão que enclausurava a mulher dentro de uma condição própria da sociedade patriarcal. A narrativa mostra-se viva em nossos dias atuais, pois ao que tange a vertente da desigualdade de gênero, muitas coisas ainda precisam mudar. A mulher ainda ocupa o lugar que sempre ocupou na sociedade, e como fatores sócio histórico e culturais, ela ainda resiste em se resignar do que a sociedade para ela forjou.

Palavras-chave: Desconstrução, Feminismo, Literatura Francesa.

 

O trabalho completo está disponível nos anais do IV SINALGE (V. 1, 2017, ISSN 2527-0028): Madame Bovary (texto completo)

A expressão Bovarismo

Em termos psicológicos, bovarismo consiste em uma patologia, um desvio psicológico de alteração do sentido da realidade, na qual uma pessoa busca outras realidades assumindo o lugar do outro, provocando desiquilíbrios entre o eu e o tu, a identidade e a alteridade e cujo nome remete à personagem Emma Bovary de Flaubert, em geral provocado pelo estado de insatisfação e frustração com a própria vida. O termo foi cunhado em 1892 por Jules Gaultier em seu estudo Le Bovarysme, la psychologie dans l’œuvre de Flaubert. Gaultier cunhou este termo tomando Madame Bovary como modelo, a partir da insatisfação da protagonista de Flaubert com sua própria realidade e que por isso deseja ter/ser outra, a partir do seu imaginário criado pelas leituras romanescas que alimentam, por assim dizer, uma vida de contos de fadas, fazendo com que Emma Bovary inverta o seu olhar entre a realidade e a ficção, entre o seu eu real e a possibilidade de um outro eu imaginado pela fantasia. Assim, o bovarismo define a situação de Emma: o que ela realmente é lhe é insuficiente, por isso ela busca ser outras.

A Política e suas InterfacesArte e PolíticaLiteratura e PolíticaGênero → Feminismo e Literatura → Madame Bovary: a desconstrução do eterno feminino na literatura francesa do século XIX

Os manuscritos de Flaubert

O museu de Belas Artes de Rouen, na França, lançou uma página na Internet onde é possível visulizar os rascunhos e manuscritos da obra Madame Bovary. A biblioteca municipal de Rouen, que possui o manuscrito do livro, decidiu permitir o acesso através da rede mundial de computadores. O site está em francês.

Acesse o link: Bovary.fr



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O museu de Belas Artes de Rouen, na França, lançou uma página na Internet onde é possível visulizar os rascunhos e manuscritos da obra Madame Bovary. A biblioteca municipal de Rouen, que possui o manuscrito do livro, decidiu permitir o acesso através da rede mundial de computadores. O site está em francês.

Acesse o link: Bovary.fr