Magnetismo animal e processos de cura entre os séculos XVIII e XIX

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em 2015

           A prática de socorrer o próximo em sofrimento é um dos mais velhos métodos conhecidos pela humanidade a partir da crença em uma força magnética ou fluido vital que seria inerente ao homem e passível de transmiti-la de um ser humano para outro.

            A História relata como os sacerdotes dos templos dos deuses, no antigo Egito, já eram iniciados nos segredos das experimentações magnéticas; na Grécia antiga, vemos também práticas hipnóticas, cujos fatos não foram desconhecidos também pelos Medas, Caldeus, Brâmanes, etc.

            Do Hermetismo, originado do Egito Antigo, conta-se que foi cedido a humanidade pelo deus Thoth, o deus egípcio da sabedoria, a quem os gregos mais tarde chamaram de Hermes Trismegisto.

            Os cristãos da antiguidade difundiram com muita freqüência as práticas “magnéticas”, principalmente pelas mãos do Cristo, quando fazia curas na Sua peregrinação evangélica pela Palestina. Disso, temos vários exemplos relatados no Novo Testamento. Já na Idade Média os fatos relativos ao magnetismo eram cercados de mistérios, sendo inclusive condenados aqueles que usavam tais práticas.

            Mas foi no século XV que surgiu o primeiro grande teórico do magnetismo: seu nome era Felix Aurelio Teofrasto Bonbast Von Hodenheim, mais conhecido como Paracelso (1493-1541): médico, antropólogo, teólogo e, para muitos, um grande mago. Ensinava que o mundo natural é “algo mais” daquilo que se pode ver com os olhos, sentir com as mãos, pesar ou medir. Inclui uma variedade de influências sobre a vida dos seres humanos. As coisas não são simples pedaços de matéria inerte: possuem propriedades ocultas que se fundamentam em um mundo invisível. Afirmou que o homem possui em si mesmo um fluido magnético e que sem essa energia não poderia existir. Tratava-se de uma espécie de fluido universal que produz todos os fenômenos que observamos. Com base nestes conceitos afirmava que, como o homem emite e recebe vibrações, pode também emitir ou receber boas ou más vibrações. Paracelso aplicava suas ideias à medicina afirmando que “o primeiro médico do homem é Deus”, autor da saúde, já que “o corpo não é mais que a casa da alma”.

Paracelso usou de três princípios básicos: mercúrio, enxofre, sal (respectivamente, princípios líquido, fogoso e sólido ou espírito, alma e matéria), para explicar a natureza e o ser humano como um destilado desta. Acontece que a teoria do enxofre e mercúrio era uma teoria criada pelos alquimistas árabes pelo menos desde o século IX ou X para explicar os minerais [...] E, mais ainda, usada fórmulas com minerais na cura de seus pacientes, ajudando a criar a iatroquímica (química médica) que Paracelso dizia ter inventado [...] será partindo da alquimia e tomando empréstimos da mineralogia, da astrologia etc. que Paracelso irá construir sua visão de natureza, ser humano e a saúde (ALFONSO-GOLDFARB, 1994, p. 36-37).

 

(MESMER, 1766)

 

            Temos depois surge na Áustria outro grande médico e teórico do magnetismo: Friedrich Franz Anton Mesmer. As curas magnéticas de Mesmer provinham de uma tradição que reconhecia como expoente máximo Paracelso. Escreveu uma tese de doutorado apresentada em Viena em 1776, denominada de Planetarum Influxu[1] (A influência dos planetas na cura das enfermidades). A tese descrevia a influência dos planetas por intermédio de um fluido universal com poderes magnéticos sobre a matéria viva. Sua tese “[...] acabou dando origem à idéia de um fluido universalmente expandido que poderia ser transmitido de um indivíduo a outro e, portanto, ser utilizado para cura. Entre humanos esse fluido foi batizado como magnetismo animal” (NEUBERN, 2007, p. 347 – nota de rodapé). Descrevia, portanto, o magnetismo animal, que existiria em duas formas opostas e tenderia a emanar dos lados direito e esquerdo do corpo humano. Explicava que a cura das enfermidades consistia na restauração do equilíbrio ou harmonia alteradas entre os dois fluidos. Com base nestas teorias, Mesmer construiu sua técnica terapêutica, utilizando a fixação dos olhos e os passes com as mãos. Mesmer criou uma escola pelos métodos empregados, o Mesmerismo. “O mesmerismo foi um movimento baseado na ideia de uma força universal chamada magnetismo animal, conectada ao corpo humano e responsável por muitas das manifestações, entre elas o sonambulismo magnético (transe) e as curas” (ALVARADO, 2013, p. 158)[2].

Ao criar um método muito particular e, por muitos, considerado excêntrico, Mesmer afirmava que poderia produzir curas de vários tipos de doenças empregando magnetos (Mesmer, 1779). Apoiava-se no suposto magnetismo entre os corpos celestes e na correspondente influência sobre nossos organismos (Alvarado, 2002; Gauld, 1992; Whorton, 2002; Mateo, 2004). Mais tarde, dispensou os magnetos e, segundo declarou, passou a usar seu próprio corpo e personalidade, configurando um método que nomeou de magnetismo animal. A teoria explanatória de Mesmer para seu tratamento baseava-se na existência presumida de um fluido etéreo, que serviria de meio de transmissão de influência dos corpos celestes sobre a Terra, passível de ser conduzido através do sistema nervoso humano (Whorton, 2002; Mateo, 2004). Esse fluido invisível seria responsivo ao magnetismo inerente ao operador ou magnetizador (Quen, 1976). Para Mesmer e seus discípulos, a saúde dependia do equilíbrio desse fluido vital no organismo[3] (GONÇALVES; ORTEGA, 2013, p. 374-375).

            Sua teoria expunha e descrevia que um princípio imponderável atuava sobre os corpos; que em todo organismo vivente existe um fluido magnético, no qual circula uma força especial animando tanto o mundo orgânico como o inorgânico; que esse fluido se transmite, podendo revigorar os corpos debilitados; que as pessoas dotadas de grande vitalidade podem transmitir essa energia aos outros, se souberem dirigir essa mesma energia, utilizando a imposição das mãos. E Mesmer acreditava que isso poderia ser provado cientificamente ou, pelo menos, poderia ser aceito pela comunidade científica: “Amparando-se na crença de estar de posse de uma célebre descoberta, destinada a revolucionar a Medicina, e em vários casos bem sucedidos, Mesmer (1779/2005) erguia-se confiante para submeter sua proposta ao rigoroso crivo dos cientistas franceses” (NEUBERN, 2007, p. 349).

            O magnetismo animal de Mesmer se baseava na crença da existência de um fluido universal e assegurava que dirigindo esse fluido segundo métodos corretos, poder-se-ia utilizar com propósitos terapêuticos e curar as doenças do corpo físico e que esse era o princípio da arte de curar. Acrescentava Mesmer, que o organismo como um todo, age como elemento sensível e captador das energias fluídicas e qualquer desequilíbrio rompendo a harmonia entre o homem e o todo, gera a doença.

            No século XVII Van Helmont (1577-1634) já usava o nome de magnetismo animal, mas foi Mesmer quem despertou a atenção pública para os fenômenos magnéticos e provocou a intervenção acadêmica quando, em 1765, defendeu em sua tese de doutorado, as ideias de Paracelso e outros pesquisadores do passado.

           Entre os diversos seguidores de Mesmer podemos citar Amand Marie Jacques de Chastenet (1751-1825), mais conhecido como Marquês de Puységur (PUYSÉGUR, 2001). Puységur registrou “casos e intervenções bem sucedidas que compuseram uma célebre e longa tradição terapêutica de magnetizadores” (NEUBERN, 2007, p. 352). Com efeito, o Marquês de Puységur, ainda no século XVIII, foi o responsável pela retomada do movimento do magnetismo animal e do mesmerismo, utilizando o magnetismo na cura de doenças e investigando fenômenos como o sonambulismo, a sugestão mental e a transmissão do pensamento. Utilizando o que os autores chamavam de “passe magnético”, os magnetizadores induziam uma pessoa a uma espécie de transe que poderia ser classificado da seguinte forma: letargia, sonambulismo e catalepsia, sendo o sonambulismo uma espécie de estado mental descrito por Puységur mas que parece ter sido ignorado por Mesmer (GAULD, 1992; GONÇALVES; ORTEGA, 2013).

(PUYSÉGUR, 1786).

 

            Os magnetizadores acreditavam que por meio da intenção de fazer o bem e a ardente vontade de realizar esta intenção seria possível utilizar esta vontade na manipulação do fluido magnético como agente de transmissão dessa vontade e promover a cura. “A vontade não é apenas o agente motor, mas o excitador e modificador de todas as manifestações magnéticas, e, como quer provar, todos os fenômenos seriam fisiológicos, não passando, portanto, de fatos naturais” (PUYSÉGUR, 1811, p.240 apud GONÇALVES; ORTEGA, 2013, p. 375). Puységur influenciou diversos movimentos na França, com sua proposta terapêutica baseada nos princípios do magnetismo animal (CARROY, 1991; MÉHEUST, 1999; PETER, 1999). “Seguindo os passos de seu mestre Mesmer, Puységur [...] acreditava em um fluido que havia na natureza e nos seres humanos – o magnetismo animal – e que este poderia ser transmitido entre as pessoas com fins terapêuticos” (NEUBERN, 2009, p. 106).

            À moda dos filósofos renascentistas, Puységur defendia que o terapeuta deve se colocar em harmonia com a natureza, através de uma rígida postura moral e do cultivo de bons sentimentos. Só a partir desse estado de espírito seria possível uma relação magnética de modo a promover uma atividade terapêutica.

Assim, o contexto voltado para a cura de doenças orgânicas era marcado por algumas noções chave, a começar pela postura do terapeuta que deveria possuir forte vontade de fazer o bem, ser acolhedor, humanitário e ético para que a natureza se lhe tornasse uma aliada. Daí o terapeuta desenvolvia uma relação magnética com seu paciente – o rapport – por meio do qual ele poderia romper parcialmente com os limites da alteridade (isto é, penetrar na subjetividade do outro) e desencadear os processos terapêuticos oferecidos pela natureza. Tal relação promoveria um vínculo profundo no qual a figura do terapeuta era revestida de grande admiração e afetividade e sua palavra ganhava um impacto mais profundo e intenso do que o de outras pessoas (NEUBERN, 2009, p. 106).

            De modo geral, o tratamento da doença dependia da manipulação do magnetismo presente nas pessoas e que, por ter propriedades físicas, teriam o efeito de poder agir no corpo das pessoas, sendo manipulado através de processos subjetivos, incluindo aí a qualidade emocional e moral do magnetizador. O tratamento magnético desencadearia um novo processo de harmonização orgânica com o consequente alívio e cura de possíveis dores físicas e doenças orgânicas.

            Discípulo de Puységur, Joseph Philippe François Deleuze, um bem conhecido defensor do magnetismo animal, defendia a existência tanto de um efeito físico como previra inicialmente Mesmer, quanto de um efeito espiritual na magnetização. Além disso, “em seu livro Instruction pratique sur le magnetisme animal (1825), J. P. F. Deleuze (1753-1835) disse que os fenômenos do sonambulismo magnético ‘oferecem uma prova direta da espiritualidade da alma” (p. 99)’” (apud ALVARADO, 2013, p. 158). Deleuze insistiu também na necessidade de estabelecer uma relação entre o magnetizador e o magnetizado antes de qualquer tentativa experimental ou terapêutica.

            Em sua obra Instruction pratique sur le magnetisme animal, Deleuze se reconhece como discípulo de Puységur e dedica um prefácio em homenagem e reconhecimento ao seu mestre.

AO SENHOR

O MARQUÊS DE PUYSÉGUR

Permita-me colocar o vosso nome no início de uma obra destinada a fazer reconhecer os princípios gerais enunciados em seus escritos, e as consequências dos fatos que o senhor observou. Sem o senhor o magnetismo teria sido esquecido depois de Mesmer, como fora esquecido depois de Van-Helmont [...] (DELEUZE, 1825, p. 5 – tradução livre)[4].

            Charles Lafontaine (1803-1892) também fazia coro à ideia de que era possível através do magnetismo animal produzir um estado de “sonambulismo magnético” onde a alma, liberada dos “entraves” que a aprisionam ao corpo, poderia manifestar mais vivamente suas faculdades: o corpo se tornava inerte pela ação do magnetismo e as faculdades da alma “[...] todas imateriais, mostram-se tão mais vívidas quanto maior é a inaquilação (sic) da matéria’ (p. 62)” (apud ALVARADO, 2013, p. 159).

O emprego do magnetismo vital será uma benção para a humanidade. Além disso, o dia em que o magnetismo for admitido e adotado pelo conjunto de Sábios, o dia onde, reconhecido como ciência, ele será ensinado em nossas escolas de Medicina, a meta que eu estou perseguindo há doze anos será atingida, e então eu serei muito feliz se meus esforços contribuíram para isto (LAFONTAINE, 1825, p. VI-VII – tradução livre)[5].

            No século XIX uma tentativa organizada, sistemática e científica de estudar os fenômenos designados pelos termos de mesmerismo e espiritualismo foi realizada pela Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres (Society for Psychical Research – SPR) e possuía entre seus membros diversos espiritualistas tanto quanto membros acadêmicos proeminentes e de renome como:

acadêmicos da Universidade de Cambridge, tais como o filosofo Henry Sidgwick (1838-1900) e o classicista e poeta Frederic W. H. Myers (1843-1901). Além desses, entre outros indivíduos eminentes associados com a SPR, estavam os físicos William Barrett (1844-1925) e Balfour Stewart (1828-1887) e o politico Arthur Balfour (1848-1930), que mais tarde se tornou primeiro ministro. Em anos posteriores muitos homens eminentes se tornaram presidentes da SPR, incluindo como exemplos o psicólogo e filosofo americano William James (1842-1910), o químico e físico inglês William Crookes (1832-1919), o físico inglês Oliver Lodge (1851-1940), o fisiologista francês Charles Richet (1850-1935) e o filósofo francês Henri Bergson (1859-1941) (ALVARADO, 2013, p. 157).

            Mas a SPR se destacou muito mais pelos estudos de tipo espiritualistas, como a telepatia, casas assombradas, fenômenos mediúnicos, do que o mesmerismo propriamente dito. E embora as propostas de Mesmer, tenham sido rejeitadas nos círculos científicos e pela Faculdade de Medicina, nem por isso outros deixaram de pesquisar e de enriquecer as suas idéias.

            É preciso destacar, como o faz Maurício Neubern (2007), que as teses do magnetismo animal e do mesmerismo na maioria das vezes não foi bem recebida nos círculos acadêmicos e científicos e, para muitos, o magnetismo animal não resistiu às exigências do rigor e do método científico e por isso o magnetismo animal não passaria de um momento pré-científico “cujas idéias ainda imbuídas de senso-comum e misticismo dariam lugar posteriormente a sistemas mais coerentes com o projeto moderno de ciência” (NEUBERN, 2007, p. 347). Em casos mais extremos o magnetismo animal chegou mesmo a ser condenado pela comunidade científica por suas concepções sem base de sustentação científica e, portanto, sem nenhuma validade ou legitimidade. Condenações que iniciaram desde o século XVIII e se estenderam ainda pelos séculos XIX e XX (CARROY, 1991; EDELMAN, 1995; MÉHEUST, 1999). Uma das razões para a grande desconfiança em torno do magnetismo animal, sem dúvida, é devido a imponderabilidade do fluido magnético se furtando, desta forma, como objeto de controle experimental e nem possibilitava a predição no campo das ciências, impossibilitando sua quantificação, tão cara ao projeto de ciência moderna em voga. Além disso, não foram poucas às vezes em que a prática do magnetismo animal, sobretudo no século XVIII, recebeu acusações de práticas de charlatanismo e, até mesmo, pactos demoníacos (BERSOT, 2005; DELEUZE, 2004).

            No contexto da França do século XVIII, duas comissões foram criadas pelo Rei Louis XVI para investigar a validade do magnetismo animal e eis a conclusão a que chegou o relator de uma destas comissões:

O toque, a imaginação e a imitação são as verdadeiras causas atribuídas a este agente novo, conhecido sob o nome de magnetismo animal, a este fluido que se diz circular nos corpos e se comunicar de indivíduo a indivíduo (...) Este fluido não existe (...) Há razões para crer que a imaginação é a principal causa dentre aquelas que se destacaram acima. Percebeu-se, pelas experiências citadas, que ela é suficiente para produzir as crises. A pressão e o toque parecem, assim, servir-lhe como preparação; é pelo toque que os nervos começam a se excitar e a imitação comunica e expande suas impressões. Mais é a imaginação, esta potência ativa e terrível que opera os grandes efeitos que se observa com espanto nos tratamentos públicos (apud NEUBERN, 2007, p. 350-351)[6].

            As teorias do magnetismo animal traziam insatisfação ao mundo acadêmico principalmente por se basear em um agente físico, um fluido magnético, que não era acessível à experimentação e não se adequava às explicações físicas da época, gerando polêmicas e insatisfações.

            Finalmente vamos encerrar a lista de nomes consagrados ao estudo e prática do magnetismo animal, que naturalmente não se esgotam por aqui e que possuiu muitos outros adeptos ao longo dos séculos, mas que por razões óbvias não teríamos como destacar todos os seus estudiosos e suas contribuições em um pequeno texto como este.

          No século XIX, o médico inglês James Braid, depois de profundamente impressionado com as experiências de Lafontaine, lançou as bases do hipnotismo moderno, que deriva diretamente de Mesmer: um novo processo, uma nova técnica, um novo nome: eis como a ciência oficial poderia aceitar o magnetismo. James Braid foi um dos responsáveis por oferecer uma solução mais próxima do que poderia chamar de científica aos fenômenos do magnetismo animal a partir da concepção de hipnose (GAULD, 1992; CAZETO, 2001).

O que parece mais interessante em suas pesquisas é a tentativa de provar que nada havia de sobrenatural na terapêutica mesmérica utilizando-se da neurofisiologia para melhor explicá-la dentro de um modelo científico compreensível. A sua intenção de distinguir a hipnose5 do mesmerismo o levou a declarar a “neuroipnose” um novo método “inteiramente separado do magnetismo animal” (Braid, 1843, p.4). Em certo momento afirmou que a descoberta de um novo agente para o fenômeno tornou-o capaz de desenvolver um método mais eficaz (GONÇALVES; ORTEGA, 2013, p. 377).

            Por fim Braid abandonou completamente os pressupostos do magnetismo animal. Procurando apoiar-se em deduções estritamente científicas para obter aprovação da comunidade acadêmica, Braid refutou a teoria fluídica em favor de uma concepção físico-químico-psicológica, segundo o qual todos os fenômenos do hipnotismo se passam no cérebro dos indivíduos sem nenhum tipo de força externa como a imaginada pelos magnetizadores.

 

Referências Bibliográficas

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ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria. O que é História da Ciência. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos).

BERSOT, H. Mesmer et le magnétisme animal. In: NICOLAS, S. (Org.), Mémoire sur la découverte du magnetisme animal. Paris: Harmattan, 2005, pp. XXVII-CXXVIII (Trabalho original publicado em 1853)

BLOCH, G. editor. Mesmerism: a translation of the original scientific and medical writings of F. A. Mesmer. Los Altos, CA: William Kaufmann, 1980. (Original work published 1779).

CARROY, J. Hypnose, suggestion et psychologie. L’Invention du sujet. Paris: Puf, 1991.

CAZETO, Sidnei José. A constituição do inconsciente em práticas clínicas na França do século XIX. São Paulo: Escuta; Fapesp. 2001.

CRABTREE, A. From Mesmer to Freud: magnetic sleep and the roots of psychological healing. New Haven, CT: Yale University Press, 1993.

DARNTON, R. O Lado Oculto da Revolução. Mesmer e o Final do Mesmerismo na França. São Paulo: Ed. Cia das Letras, 1988.

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____. Instruction pratique sur le magnetisme animal. 1825. Versão Digital em Francês disponível em: Wood Library-Museum of Anesthesiology. Acessado em 13/11/2015. Há também uma versão da Biblioteca Nacional Francesa de domínio público. ____. Instruction pratique sur le magnetisme animal. Paris: G. Baillière, 1850.

EDELMAN, N. Voyantes, guérisseuses et visionaires en France (1785-1914). Paris: Albin Michel, 1995.

GAULD, Alan. A history of hypnotism. Cambridge: Cambridge University Press. 1992.

GONÇALVES, Valéria Portugal; ORTEGA, Francisco. Uma nosologia para os fenômenos sobrenaturais e a construção do cérebro ‘possuído’ no século XIX. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v.20, n.2, abr.-jun. 2013, p.373-389. Acessado em 13/11/2015.

KOYRÉ, A. Mystiques, spirituels, alchimistes du XVI siècle allemand. Paris: Gallimard, 1971.

LAFONTAINE, Charles. L'art de magnétiser ou le magnétisme animal considéré sur le point de vue théorique, pratique et thérapeutique. 2. ed. Paris: Germer Baillière, 1852. Versão Digital disponível no website da Internet Archive. Acessado em 14/11/2015.

MÉHEUST, B. Somnambulisme et médiumnité. Le défi du magnétisme. Paris: Synthélabo/Seuil, 1999.

MESMER, F. A. Mémoire sur la découverte du magnétisme animal. In: NICOLAS, S. (Org.), Mémoire sur la découverte du magnétisme animal. Paris: Harmattan, 2005, p. 2-85. (Trabalho original publicado em 1779)

____. Planetarum Influxu. 1766. Versão Digital em Latim disponível em: Wood Library-Museum of Anesthesiology. Acessado em 13/11/2015.

NEUBERN, Maurício da Silva. Hipnose e dor: origem e tradição clínicas. Estudos de Psicologia, Natal, vol. 14, n. 2, mai./ago. 2009. Acessado em 12/11/2015.

____.Sobre a Condenação do Magnetismo Animal: Revisitando a História da Psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, vol. 23 n. 3, pp. 347-356, Jul-Set 2007. Acessado em 12/11/2015.

PETER, J. P. Un somnambule desordonné. L’oeuvre du Marquis de Puységur. Paris: Synthélabo, 1999.

PLAS, R. Naissance d’une science humaine: la psychologie: les psychologues et le “merveilleux psychique”. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2000.

PODMORE, F. Modern spiritualism: a history and criticism. London: Methuen, 1902. (2 v.). Acessado em 14/11/2015.

PUYSÉGUR, A.M-J C. Mémoires pour l’etablissement du magnétisme animal. In: MICHAUX, D. (Org.). Aux sources de l’hypnose. Paris: Imago, 2001, p. 13-131. Uma versão digital da obra em francês de 1786 está disponível em: Wood Library-Museum of Anesthesiology. Acessado em 13/11/2015.

____. Les Mémoires de messire Jacques de Chastenet, chevalier, seigneur de Puységur. 1690. Versão digital da obra em francês disponível no website da Open Library. Acessado em 13/11/2015.

QUEN, Jacques M. Mesmerism, medicine, and professional prejudice. New York State Journal of Medicine, New York, v.76, n.13, p.2218-2222. 1976.

 


[1] Uma versão digital da obra em latim está disponível na coleção de livros raros da Wood Library-Museum of Anesthesiology. Acessado em 13/11/2015.

[2] Sobre o mesmerismo veja também: Bloch (1980), Crabtree (1993), Darnton (1988), Koyré (1971), Plas (2000) e Podmore (1902)

[3] Veja em nosso website a seção Políticas Públicas de Saúde para mais detalhes sobre uma política de “assistência à saúde” e veja também a seção Espiritualidade e Saúde como uma nova forma de entender o modelo vigente de atenção à saúde.

[4] À MONSIEUR

LE MARQUIS DE PUYSÉGUR

PERMETTEZ-MOI de placer votre nom à la tête d'un ouvrage destiné à faire connaître plus généralement les principes énoncés dans vos écrits, et les conséquences des faits que vous avez observés. Sans vous le magnétisme aurait été oublié après Mesmer, comme il l'avait été après Van-Helmont (no original).

[5] L’emploi du magnétisme vital sera un bienfait pour l’humanité. Aussi le jour où le magnétisme sera admis et adopté par les Corps Savants, le jour où, reconnu comme science, il sera enseigné dans nos Écoles de Médecine, le but que je poursuis depuis douze ans sera atteint, et alors je serai trop heureux se mes efforts y ont contribué (no original).

[6] Para mais detalhes sobre a metodologia, resultados e controvérsias em torno dessa investigação veja o artigo citado de Maurício Neubern. Ver também Alan Gauld (1992).

 

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