República e Império na saga Star Wars: o papel da Força na organização social intergaláctica

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em dez. 2017

            O gênero fantástico vem ganhando cada vez mais adeptos através das obras literárias e produções áudio visuais, seja através da fantasia de características medievais (como é o caso de Game of Thrones e O Senhor dos Anéis), seja através da fantasia futurista, que será aqui analisada tomando como base a produção da saga Star Wars, de George Lucas, situada em uma temporalidade muito além do nosso tempo presente.

            Usando o gênero fantástico, a produção da saga aborda temas de geopolítica, política internacional (ou, mais precisamente, intergaláctica), filosofia, psicologia, religião, mitologia, história.

Trabalhando com arquétipos, imaginário e história, George Lucas reflete sobre o papel do Estado na sociedade atual. A película retrata, como pano de fundo, uma rebelião, sobretudo de jovens, contra a tirania [...] O Império Galáctico equivaleria, em “termos terrestres” aos modelos de governos totalitários e opressores de países colonialistas (SANTOS; FERREIRA, 2015, p. 24).

            Merece destaque na trama o papel da força: um campo de energia criado por todas as coisas vivas que nos envolve e penetra e mantém a galáxia unida. A força é a energia que nos cerca, que cria a vida e a faz crescer, A força está em todo lugar: na pedra, nas árvores, nos humanos. A força amplia a percepção individual, ajuda a ver (sentir) o que está acontecendo no presente ou o que pode acontecer no futuro.

Algunos personajes de Star Wars observan una religión naturalista centrada en la Fuerza. Este culto afirma que todo lo vivo está animado por unos seres microcelulares llamados midiclorianos, cuya energia física y espiritual se puede materializar. La religión es sostenida por sacerdotes guerreros, denominados caballeros Jedi, que reciben habilidades sobrehumanas a partir del amor y el estudio de la Fuerza y participan en el gobierno con funciones diplomáticas y consultivas. Frente a ellos, una secta surgida del mismo culto, los señores Sith, que obtienen similar poder a partir del odio y el fanatismo; participan en el derrocamiento de la República (TOJAR, 2007, p. 4 – grifos do autor)

            O domínio da força pode ocorrer tanto para o bem (estabelecimento da paz e da justiça social) quanto para o mal (escravização e domínio opressor). Os primeiros são chamados de jedi e os segundos de sith. Os jedi lutam pela consolidação de princípios republicanos enquanto que os sith querem estender o seu domínio imperial sob todos os povos do universo. A nossa ênfase neste artigo sobre a saga será a partir da sua dimensão política e o uso do poder da força dentro da organização social intergaláctica.

            Essa organização social interplanetária é composta por um amplo sistema de galáxias e planetas, organizado politicamente como Confederação, dos quais merecem destaque:

Tatooine, un planeta desértico situado “en un extremo de la galaxia”, alejado del control político y centro de actividades ilegales [...] Alderaan, un astro montañoso y medio cubierto de agua que habitan seres pacíficos, dotado de una famosa universidad; la Estrella de la Muerte es una estación espacial de combate, el arma definitiva para dominar la galaxia; Coruscant, planeta-parlamento, capital y centro de la actividad política en la galáxia [...] Naboo acoge un estado humano, igualitario y democrático, que convive conflictivamente con los Gungans (TOJAR, 2007, p. 4).

 

República x Império

            Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, consolidou-se uma pacífica República Galáctica, um modelo de sociedade abrangendo milhares de sistemas planetários organizados sob a forma de um Senado Galáctico. O Senado Galáctico localiza-se no planeta metrópole Coruscant e é neste local onde se reúnem os representantes de cada civilização ou planeta, com o objetivo de deliberar sobre os problemas de ordem interplanetária.

No nível federal, o sistema de governo era o parlamentarismo, com o primeiro-ministro, chamado chanceler supremo, sendo escolhido pelos membros do Senado Galáctico, a única câmara legislativa da República, às vezes referida como Congresso. Os senadores representavam os entes federativos [...] Além dos três Poderes – Executivo (representado pelo chanceler supremo), Legislativo (o Senado Galáctico) e Judiciário (o Tribunal, que não se caracterizava pela celeridade) – constituía o arcabouço institucional da República o Alto Conselho Jedi, uma espécie de ministério público com grande autonomia e atribuição formal de guardião da paz e da justiça (REIS, et. al., 2016, p. 96).

            A maior parte dos planetas tinham seu próprio sistema político, com sua própria constituição, sistema de leis e um chefe de estado (um rei, rainha, presidente, primeiro ministro ou chanceler). Entretanto, se o planeta fosse parte da República, tinha que obedecer à Constituição Galáctica. Um exemplo disso é o planeta Naboo, cuja cidade governada pela espécie humana “tem uma monarquia eletiva em que o rei ou rainha governa com o auxílio do seu Conselho Consultivo Real, cujo líder é chamado de governador” (REIS, et. al., p. 98).

            A República Galáctica, após governar a galáxia por milhares de anos, criou “um governo justo e pacífico. Porém, ao fim, tornou-se corrupta e acabou sendo dissolvida pelo então chanceler Palpatine, em um golpe de Estado, tornando-se assim o imperador” (BONA; PERTUZZATTI, 2010, p. 26). O chanceler Palpatine irá revelar-se um sith, dissidente da ordem jedi que se vale do lado sombrio da força para subjugar e submeter os povos ao seu poder já que os sith consideram “os ‘usuários da Força’ superiores ao restante da sociedade, devendo, por isso, concentrar todo o poder” (REIS, et. al., 2016, p. 97). Imperialistas e escravocratas, são os sith quem planejam o ataque a República e à ordem jedi levando a uma guerra no Espaço Intergaláctico. “Una hermandad virtuosa (los Jedi) y otra vil (los Sith), emanada de la anterior (el arquetipo de los principios opuestos será central) se enfrentan a muerte por el dominio de la galáxia” (TOJAR, 2007, p. 11).

            Com o golpe do chanceler Palpatine tem início o reinado do Império: regime autoritário, maléfico e militarizado dominado pelo lado sombrio da força. O lado sombrio da força impõe uma versão totalitária de justiça ou, como afirma o mestre Jedi Obi-Wan Kenobi: o Império é uma Era de Trevas.

            Com a queda da República uma resistência irá se consolidar composta por aqueles que lutam contra o domínio do Império. Há um clima de conflito explícito entre rebeldes e o Império que carrega uma mensagem de insurreição contra uma autoridade opressora. Temos então uma “constante guerra civil intergaláctica entre o Império e os Rebeldes, que querem libertar a galáxia das mãos opressoras do impiedoso governo” (BONA; PERTUZZATTI, 2010, p. 26).

 

Conflitos Republicanos e o Domínio do Império

            O grande estopim que levou a uma guerra girou em torno de uma disputa pelos impostos de rotas comerciais encabeçado pela Federação do Comércio (uma espécie de OMC – Organização Mundial do Comércio) que tinha um assento no Senado Galáctico. “Visando a controlar todas as rotas comerciais, a Federação do Comércio, cujo líder era chamado de ‘vice-rei’, teve papel decisivo na ruptura democrática” (REIS, et. al., 2016, p. 97).

            Para resolver o problema dos impostos de rotas comerciais, a Federação criou um bloqueio com poderosas naves de guerra, interrompendo todos os carregamentos ao pequeno planeta Naboo e promovendo um boicote comercial para forçar a Rainha Padmé Amidala a assinar um tratado de acordo com a Federação. “Estamos ante un conflicto económico, cuya proyección política será utilizada por los enemigos de la República para derrocar el régimen” (TOJAR, 2007, p. 10).

            O Congresso da República, por sua vez, debate essa sequência de acontecimentos e o Chanceler Supremo Valorun (que foi posteriormente deposto assumindo o Chanceler Palpatine) enviou em segredo dois cavaleiros jedi para resolver o conflito.

            Disfarçados de Embaixadores do Supremo Chanceler, Qui-Gon Jinn e seu jovem aprendiz Obi-Wan Kenobi vão ao encontro do vice-Rei da Federação do Comércio que, por sua vez, está aliado ao Lorde Sidious e pretende tomar o planeta Naboo. Sob o comando do Lorde Sidious a Federação ataca os jedi e desembarcam suas tropas em Naboo.

            Depois de fugirem da nave da Federação os jedi ajudam a Rainha Padmé Amidala do planeta Naboo mas sua nave de fuga é atingida e danificada e o plano inicial de ir para Coruscant (o Sistema Central da República) tem que ser modificado e eles desembarcam no pequeno planeta Tatooine que é livre da influência da Federação.

            Em Tatooine, Qui-Gon Jinn encontra o jovem Anakin e descobre que ele tem habilidade de um jedi e por isso leva-o para Coruscant, assim que conseguem consertar a nave. Em Coruscant, os jedi e a Rainha Amidala são recebidos pelo ainda Senador Palpatine e pelo Supremo Chanceler.

           A Rainha Amidala expõe toda a situação no Senado do ataque à soberania de Naboo pela Federação. Mas a burocracia do Senado impede uma resposta rápida e, manipulada pelo Senador Palpatine, a Rainha Amidala propõe ao Senado um voto de desconfiança ao Supremo Chanceler Valorun como líder do Senado, o que implica em novas eleições para Supremo Chanceler e o Senador Palpatine é um dos indicados ao cargo.

            Insatisfeita com os rumos do Senado e impaciente com a demora em obter uma resposta sobre a ajuda ao planeta, a Rainha Amidala resolve voltar ao planeta Naboo para lutar pelo seu povo, mesmo sabendo que Naboo já está sob o domínio da Federação.

            Após uma aliança com os Gungans e com a ajuda dos jedi, a Rainha Amidala derrota a Federação, retoma o controle de Naboo e é nomeada Senadora da República.

            Após essa sucessão de acontecimentos um movimento separatista, sob a liderança do Conde Dookan (ex membro da ordem jedi e secretamente discípulo do Lorde Sidious), reúne vários sistemas solares que manifestam sua intenção de deixar a República. Esse movimento separatista chamado de Confederação dos Sistemas Independentes foi incentivado dissimuladamente pelo Supremo Chanceler Palpatine, que em nome da estabilidade e da ordem teria como organizar uma ação militar sob o pretexto de enfrentar tal movimento.  Essa situação gera um clima de tensão e os jedi recebem o apoio da agora Senadora Amidala. “Amidala, como líder da oposição no Senado Galáctico, trabalhou para derrubar o Ato de Criação Militar, avaliando, corretamente, que ele levaria a uma guerra civil” (REIS, et. al., 2016, p. 101).

            Ao chegar em Coruscant a Senadora Amidala sofre um atentado e os jedi seguem a pista de um caçador de recompensas. Para sua segurança a Senadora é enviada de volta a Naboo sob a proteção do jovem jedi Anakin Skywalker e um romance surge entre os dois. Nesse ínterim Anakin volta a Tatooine depois de ter pesadelos com sua mãe e descobre que ela foi capturada pelo povo da areia. Ao tentar ajudar sua mãe Anakin perde o controle e mata todos os responsáveis pelo que aconteceu com sua mãe.

            Ao seguir a pista do caçador de recompensas Obi-Wan Kenobi chega ao planeta Camino e descobre um plano do mestre jedi Zaifo Vias de construção de um exército de clones supostamente para a República e descobre uma conspiração contra a República, envolvendo a Federação Comercial, o vice rei Gunrey e o Conde Dookan.

            Diante de toda essa situação o Senado propõe conceder poderes absolutos ao Supremo Chanceler Palpatine para conter a ameaça. O Chanceler Palpatine propõe então que seja instaurado um estado de exceção e suspensão da democracia até que tudo esteja resolvido.

Ovacionado pela maioria, o chanceler supremo fez um discurso que dissimulava sua responsabilidade na costura de todo o processo: “É com grande relutância que concordei com este chamado. Eu amo a democracia, eu amo a República. O poder que vocês me deram eu deixarei assim que a crise tiver sido debelada.” Como primeiro ato com essa nova autoridade, Palpatine criou o Grande Exército da República, “para conter as crescentes ameaças dos separatistas” (REIS, et. al., 2016, p. 101).

            Uma vez terminada a guerra, Palpatine deveria abdicar de seus poderes. Como isso não aconteceu, o Alto Conselho Jedi resolveu que deveria intervir para assegurar o retorno dos princípios republicanos. Diante da insistência de Palpatine em permanecer no poder e, para assegurar uma transição pacífica, o Alto Conselho Jedi toma a iniciativa de destituir o Chanceler Palpatine. Mas os planos não saem como esperado e é nesse momento que o Chanceler usa de sua influência sobre o jovem jedi Anakin para dissuadi-lo de que os jedi estão armando um complô. O Supremo Chanceler Palpatine (na verdade Lorde Sidious) aproveita a fragilidade do momento de Anakin por ter perdido sua mãe e que já havia sido dominado pelo ódio em seu planeta natal e se torna então facilmente manipulável por Palpatine que consegue influenciar Anakin sugerindo que o lado sombrio da força é capaz de impedir até mesmo a morte e enquanto ele for um jedi jamais irá adquirir esse conhecimento. Anakin se torna então seu aprendiz e como primeiro ato como um sith (que mudará seu nome para Darth Vader), assassina os jovens padawans – aprendizes – no Templo Jedi e viaja para o planeta Mustafar para assassinar os membros da Federação Comercial, dentre eles o vice Rei Gunray e os demais líderes separatistas. Uma ordem é emitida para a execução dos jedi, acusados de traição. Está instaurado o domínio do Império com o plano dos sith para governar a galáxia e o fim da democracia.

            Em sessão especial no Senado (que será renomeado como Senado Imperial), o Supremo Chanceler Palpatine (agora chamado de Imperador) reorganiza a República como o Primeiro Império Intergaláctico.

Palpatine anunciou sob aplausos a conversão da República no Primeiro Império Galáctico, “a fim de garantir a segurança e manter a estabilidade [...] para uma segura e tranquila sociedade”, após comunicar aos senadores sobre o atentado que sofreu e sobre a derrota da rebelião jedi, cujos membros foragidos deveriam ser capturados e punidos (REIS, et. al., 2016, p. 102-103).

 

O Contra Ataque Rebelde e a Nova República

            Durante o domínio do Império Galáctico, os rebeldes criam a Aliança Rebelde e buscam retomar o poder o que gera um período de guerra civil. O Império inicia a construção de uma estação bélica poderosa, a Estrela da Morte, para dar fim a rebelião. Mas os rebeldes conseguem roubar os planos do Império que ajudariam a restaurar o reino da liberdade na Galáxia. Rogue One é o episódio que relata a iniciativa rebelde para conseguir estes planos.

            “O número de dissidentes, que poderiam apoiar os rebeldes, aumentava em função da insatisfação com a violência e com outras mazelas do Estado imperial” (REIS, et. al., 2016, p. 105). Além disso, a antiga ordem jedi desempenhará papel relevante em apoio a casa rebelde. Os últimos sobreviventes da ordem jedi, mestre Yoda e Obi-Wan Kenobi, iniciam o jovem Luke Skywalker na arte jedi. Luke encontra mestre Yoda exilado no longínquo planeta Boogba onde termina ser treinamento jedi.

            Com o apoio de jovem jedi e de posse dos planos da Estrela da Morte, a Aliança Rebelde impõe uma ofensiva de ataque ao Império. Luke confronta o seu pai, Darth Vader, e o Imperador. Apesar da tentativa de ambos de guiar o jovem Luke para o lado sombrio da força, Luke não se deixa cooptar e, ao contrário, consegue persuadir o seu pai de que ainda existe algo de bom dentro dele. É com a ajuda de seu pai que o jovem Luke consegue fugir do domínio do Imperador mas não irá evitar a morte de seu pai.

            A Aliança Rebelde consegue destruir a Estrela da Morte e refundar uma Nova República e um novo Senado Galáctico, que ocorreu no planeta natal da Aliança Rebelde, em Chandrilla. Mas a morte de Darth Vader e o fim do Império levou ao surgimento de uma nova força sombria: a Primeira Ordem. “Pouco se sabe ainda sobre a Primeira Ordem, que se tornou um governo paralelo, ultramilitarista e de estilo fascista, voltado para derrubar a Nova República e restaurar o Império. É comandada pelo Líder Supremo Snoke” (REIS, et. al., 2016, p. 108). Mas o pouco que se sabe é que a Primeira Ordem tem um poder militar superior comparado com a ainda frágil Nova República que luta para restabelecer a democracia.

            Enquanto isso Luke Skywalker permanece exilado, tal como outrora o mestre Yoda. E tudo indica que haverá um ressurgimento da ordem jedi nos próximos episódios e que deverão desempenhar, novamente, um papel de suma importância na garantia da paz e da justiça intergaláctica.

 

Referências

BONA, Rafael José; PERTUZZATTI, Leonardo Antônio. Mitologia e cinema: a propagação dos mitos por meio da trilogia clássica Star Wars.  Revista de Estudos da Comunicação, Curitiba, v. 11, n. 24, p. 23-30, jan./abr. 2010. Acesso em 03/12/2017.

CAMPBELL, Joseph; MOYERS, Bill; FLOWERS, Betty Sue. O poder do mito: Entrevistas televisivas com Bill Moyers. Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas Athena, 1990.

MANERA, Alice Helena & VADICO, Luiz. O vilão-herói de Guerra nas Estrelas. Revista Anagrama, Ano 5, ed. 1 p. 1-16, set./nov. 2011. Acesso em 03/12/2017.

REIS, Guilherme S.[et. al.]. A ciência política de Star Wars. Insight Inteligência, p. 92-108, 2016. Acesso em 05/12/2017.

SANTOS, Altierez S. dos; FERREIRA, Leonardo M. A Jornada do Herói no Cinema: considerações mitodológicas acerca da saga Star Wars. Revista Eletrônica Correlatio, v. 14, n. 28, p. 7-28, dez. 2015. Acesso em 03/12/2017.

TOJAR, Luis García. La ideologia de Star Wars. IX Congreso de la Federación Española de Sociología, 2007. Acesso em 06/12/2017.

 

A Política e suas Interfaces → Arte e PolíticaCinema e Política → República e Império na saga Star Wars: o papel da Força na organização social intergaláctica

Os primeiros seis episódios não foram escritos e nem produzidos para o cinema em ordem cronológica. Primeiro vieram os episódios IV, V e VI, estrelados no cinema respectivamente em 1977, 1980 e 1983, e intitulados: Guerra nas estrelas, O império contra ataca e O retorno de Jedi. Na sequência vieram os episódios I, II e III, estrelados em 1999, 2002 e 2005, intitulados: A ameaça fantasma, Ataque dos clones e A vingança dos Sith. Uma nova série foi lançada em 2015 com o episódio VII, “O Despertar da Força” e logo após foi lançado “Rogue One: uma história Star Wars”, que se passa antes do episódio IV.

“O universo Star Wars não se restringe aos sete filmes da trilogia original, da trilogia prequela (sic) iniciada em 1999, e da trilogia atual, começada com “Star Wars Episódio VII: O Despertar da força”, lançado em 2015. Antes mesmo de “Star Wars: Uma Nova Esperança”, de 1977, foi publicado em 1976 um livro, de autoria de George Lucas e Alan Dean Foster, que era a romantização do filme – esse procedimento se repetiria nos filmes subsequentes. Em 1978 publicaram o primeiro livro do que viria a ser o universo expandido de Star Wars, Splinter of the Mind’s Eye, escrito por Foster. O universo expandido consiste, portanto, em todas as obras oficiais publicadas sobre a saga, desde quadrinhos (a primeira versão foi publicada pela Marvel Comics entre 1977 e 1986), livros (romances, guias visuais, enciclopédias etc.), desenhos animados (“Droids”, “Ewoks” e “Clone Wars”), filmes (além das duas trilogias completas e do recente “Episódio VII”, três filmes foram produzidos: dois sobre os ewoks, aproveitando o apelo infantil das personagens – “Caravana da Coragem: Uma Aventura Ewok” e “Ewoks: A Batalha de Endor” – e “The Star Wars Holiday Special”), e videogames. A grande maioria das obras do universo expandido nunca foi traduzida para o português e, antes do advento da internet, o público brasileiro raramente sabia da existência delas” (REIS, et. al., 2016, p. 109)

 

Sobre a relação de George Lucas com Joseph Campbell:

“George Lucas, [...] foi aluno de Joseph Campbell e como tal teve acesso a reflexões sobre temas de mitologia comparada” (SANTOS, FERREIRA, 2015, p. 12), cujos estudos, apontam “para a existência de um sistema mais ou menos identificável de arquétipos heroicos retomados em todas as culturas e em todos os tempos” (id., ibidem, p. 12).

“Campbell foi professor de George Lucas, e ainda apelidado por este de: “meu Yoda”- principal mestre Jedi da obra de Lucas [...] Joseph Campbell elogia o feito de seu aluno e utiliza o filme como exemplo numa entrevista, realizada em 1988, pelo jornalista norteamericano Bill Moyers (publicada no livro: “O Poder do Mito”). Nesta entrevista Joseph Campbell diz a seguinte frase: ‘Lucas imprimiu a mais nova e mais poderosa rotação à história clássica do herói’” (MANERA; VADICO, 2011, p. 4).

Santos e Ferreira (2015) e Manera e Vadico (2011) analisam a saga utilizando as categorias presentes na análise do arquétipo do herói realizada por Campbell, tais como: a partida, a iniciação e o retorno.