Xico Santeiro: o rei do artesanato potiguar

por Alexsandro M. Medeiros

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publicado em nov. 2016

            Xico Santeiro, pseudônimo de Joaquim Manoel de Oliveira (1898-1966), é um dos mais importantes ícones da arte popular potiguar e brasileira. Xico Santeiro que assinava suas obras com “x” mesmo, aprendeu a profissão de escultor com o pai e começou esculpindo imagens religiosas em madeira para Igrejas, capelas e oratórios domésticos e depois expandiu o repertório para temas regionais: ícones históricos como Antônio Conselheiro, Lampião e Maria Bonita, além de tipos populares urbanos e rurais como vaqueiro, pescador, rendeira, retirantes, etc. Também reproduziu personagens famosos como Buda, Assis e Chateaubriand. Xico Santeiro esculpiu “Os Santos que Abalaram o Mundo”: obra de René Fülöp-Miller, escritor e historiador austríaco, com as biografias de Santo Antão, Santo Agostinho, São Francisco de Assis, Santo Inácio e Santa Teresa. “Sua grande vaidade era ter presenteado o Papa Pio XII com uma de suas esculturas” (BARRETO, 2006, p. 232).

            Na década de 1950 Xico tornou-se bastante conhecido graças a uma apresentação feita por Câmara Cascudo do escultor no Jornal “A República”. Xico ganhou então notoriedade e consagrou-se como um ícone e símbolo da arte popular no Estado do Rio Grande do Norte. Deu início então a uma nova fase

caracterizada por obras de cunho mais popular que ele passa a executar com seu canivete, na imburana crua, isto é, sem pintura. Esculpe com mais agilidade centenas de cangaceiros, rendeiras, pescadores, Fabião das Queimadas, Inácio da Catingueira, Zé Minininho, enfim, gente do povo (MARQUES, 2016).

            A fama de Xico Santeiro foi ganhando cada vez mais destaque a ponto de ganhar a admiração do prefeito Djalma Maranhão que foi quem criou o 1º Museu de Arte Popular do Rio Grande do Norte e doou uma pequena casa ao escultor. Mas uma casa que Menna Barreto considerou paupérrima, com paredes sem reboco e condições precárias de iluminação e conforto, ao falar de sua viagem ao Nordeste em 1966 e suas impressões sobre o “rei do artesanato do Nordeste” e motivo de orgulho para a cidade de Natal (2006, p. 232).

Em Natal, Xico Santeiro foi um divisor de águas. A história da escultura popular, hoje, se divide em duas épocas fundamentais: “Antes e depois” de Xico Santeiro. “Antes” é a história da arte popular anônima. Só as obras que sobreviveram ao tempo dão testemunho do talento e da criatividade, sem registrar nomes. “Depois” é a história da valorização da arte popular. É a ação comprometida do Prefeito Djalma Maranhão com a cultura do Povo. Também o surgimento de colecionadores em residências particulares ou em instituições públicas. Enfim, um “conceito novo” de Arte Popular passa a ser debatido nos quatros cantos da cidade (MARQUES, 2016).

              Marques compara o trabalho de Xico Santeiro em Natal com o trabalho de Mestre Vitalino em Recife, ou Mestre Noza no Ceará: “Mestre Vitalino e Mestre Noza foram, por conseguinte, contemporâneos de Xico Santeiro. Três nomes indispensáveis ao conhecimento da arte no Nordeste do Brasil, do século XX” (MARQUES, 2016).

           O maior acervo público de obras do escultor popular é mantido atualmente pelo Museu Câmara Cascudo da UFRN (MCC).

            A vida e obra de Xico Santeiro foi retratada na literatura de cordel, A Vida e obra de Xico Santeiro, glória da nossa arte popular (1976), de Clotilde Tavares, natural de Campina Grande e que dividiu suas atividades entre os Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (apud SILVA, 2010, p. 91 – nota 7).

 

 

Referências Bibliográficas

 

BARRETO, Roberto Menna. Deixa eu falar. São Paulo: Summus, 2006.

MARQUES, Antônio. Xico Santeiro, ícone da Cultura Popular do RN [on line]. Acessado em 09/10/2016.

SILVA, Michelle Ramos. Cordelistas paraibanas contemporâneas: diálogo e ruptura com a lógica patriarcal. Dissertação (Mestrado em Literatura e Estudos Interculturais). Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade. Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande-PB, 2010.

 

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