A ARTE E A EVOLUÇÃO

02/08/2023 15:06

        O grande jurista Rui Barbosa ao observar, em sua época, que as leis brasileiras eram interpretadas conforme os interesses políticos escusos, escreveu com indignação: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

        Alma amiga, parodiando Rui Barbosa, eu diria: De tanto ver triunfar a iniquidade de alguns, de tanto ver crescer a maldade de outros, de tanto ver prosperar a mediocridade nas artes, precisamos restaurar com urgência o culto ao belo e à sublimidade poética. Por esse motivo, escrevi o poema abaixo, que compartilho com você:

 

Arte e evolução

 

A arte é o culto ao belo,

a forma

também do conteúdo

faz parte.

 

Fazer das excrescências

da mente

suposta obra d’arte

é crer

 

Então que, no improviso,

o esforço

de todo o nosso estudo

é vão.

 

Confesso que não vejo

no feio

sem estética ser

progresso.

 

Um tolo sem estudo

é mudo

quando expressa besteira

e besta

 

Não fala, nunca pensa,

relincha

e fica por preguiça

no chão.

 

A alma evoluída

excede

qualquer limitação

e é bela!

 

Porém jamais será

medíocre,

pois crê na evolução

também.

 

A arte transcendente

é assim:

requer trabalho e luta

em parte

 

 

E parte é inspiração

de quem

já se esforça no bem

com arte.

 

Autor: Irmão Jó.

 

        Ouvi de um professor de literatura, há alguns anos: “A salvação está na literatura”. Também perguntado a outra professora sobre qual área em que se enquadra a literatura espírita, ela respondeu: “Na literatura brasileira”.

        Sábias respostas. A literatura espírita, com milhares de poemas psicografados por Chico Xavier e outros médiuns, além de crônicas, romances etc., restaura o conceito do belo, do sublime e do útil no texto literário. Se vamos praticar seus elevados ensinamentos, isso cabe a nós mesmos decidir.

        Só não nos podemos esquecer do alerta de Jesus, que Lucas registrou no capítulo 12, versículo 2, de seu evangelho: “Nada há de encoberto que não venha a ser revelado, nem de oculto que não venha a ser conhecido”.

        O que considero certo é que a verdadeira arte, como culto ao belo e ao divino, deve estar sempre a serviço da evolução. Sem isso, não cumpre bem seu papel e, consequentemente, não sobrevive.

 

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Sobre o Autor

Jorge Leite de Oliveira é

Consultor Legislativo aposentado da CLDF. Formação acadêmica: Bacharel em Direito (Advogado, OAB/DF 16922); grad. em Letras (UniCEUB); pós-grad. em Língua Portuguesa(CESAPE/DF) e em Literatura Brasileira (UnB); Mestre em Literatura e Doutor em Literatura pela UnB. Professor de Língua Portuguesa, Redação, Orientação de Monografia, Literatura e Pesquisas, no UniCEUB, de 1º set. 1988 a 1º jul. 2010. Palestrante, escritor, revisor e articulista espírita. Autor do Blog: <jojorgeleite.blogspot.com/>.

Autor dos livros:

1. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 10. ed. 1. reimp. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

2. Guia prático de leitura e escrita. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

3. Chamados de Assis: espaços fantásticos do Rio mutante na obra machadiana. Curitiba, PR, 2018.

4. Da época de estudante de Letras: edição esgotada: Mirante: poesias. Brasília: Ed. do autor, 1984.

5. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. 3. ed. rev., ampl. e melhorada. Brasília: abcBSB, 2004 (também esgotada).

 

Contato:

jojorgeleite@gmail.com